"Divididas entre a
profissão e o papel de mãe, as mulheres ficam contra a parede.
E, ao voltar ao trabalho,
isso pode ser um problema"
Quando Carolina nasceu, a
mamãe Ana voltou para casa com a filhota nos braços, dormiu pouco nos
primeiros dias e aprendeu a curtir seus momentos com sua filha. Três meses e
meio depois, o coração de Ana começou a ficar apertadinho, pois logo teria
que retornar ao trabalho. Assim, deveria escolher um berçário para Carol e
acabou optando por um que ficava bem perto do seu trabalho. Além de ser o
melhor de todos, ela teria tempo de amamentar a filhinha por mais alguns
meses.
No 1º dia foi duro deixar
a bebê. As mamadeiras com o leite que havia tirado de manhã - e aquele
tiquinho de gente passaram às mãos da feliz "tia". Parecia que o
mundo havia sumido, já não havia chão sob seus pés. Certo, certo. Era um
dos melhores berçários que havia visto, com salas claras, limpas e arejadas,
uma atendente para cada 3 crianças (o máximo é um berçarista para cada 4
crianças), pessoal gentil e carinhoso. Mas a insatisfação continuou
rondando sua cabeça e ela mal conseguia trabalhar. A maioria das mães vai se
habituando a esta situação aos poucos, mas Ana não conseguiu. A todo
momento telefonava para saber da filhinha, aparecia de surpresa duas a três
vezes por dia e a adaptação à nova situação ficou muito difícil -
enquanto pilhas de trabalho se amontoavam em sua mesa.
Segundo a psicóloga Karin
de Marval, a dificuldade da mãe em se adaptar a esta separação do bebê
envolve muitos sentimentos: a separação em si, a dificuldade em confiar na
escola (ou babá, ou vovó) e alguma culpa. Ela acrescenta: "Este período
fica ainda mais complicado porque a criança costuma ficar doente. Em contato
com outras crianças, ela vai pegar algumas doenças. Há uma infinidade de
resfriados, diarréias e gripes a serem curados antes de a criança ficar
imunizada aos vírus e bactérias mais comuns. Esse processo reforça ainda
mais a culpa da mãe", diz Karin.
A psicóloga faz um
alerta: se a mãe não estiver feliz, vai ser muito difícil a criança estar
bem. Para completar, muitas vezes o pai não consegue entender a angústia
materna. Ela se sente completamente sozinha, sem ter com quem partilhar seus
sentimentos. 0 que esta mãe mais precisa é de um espaço onde sua angústia
seja compreendida. Nada como um ouvido amigo para que ela se tranqüilize à
medida em que vai expondo seus medos e inseguranças. Num bom berçário, este
espaço deve estar disponível sempre, já que sua equipe está preparada para
estas dificuldades - o que facilita a adaptação. Com uma babá ou com a vovó,
a situação muda. E quando uma mãe "implica" com a babá, quase
sempre acaba em demissão. Se a relação com a avó não for muito boa - seja
ela mãe ou sogra -, você pode estar criando problemas dentro de sua família
sem necessidade.
Onde tudo começa?
Depois da culpa, a 1ª reação
da mãe é achar que o filho vai substituí-la pela berçarista, babá ou avó.
Mito puro! A criança não vai confundí-la com outra pessoa que lhe cuida,
apesar de estabelecer um vínculo saudável com um outro adulto. Porém, é
fundamental para o desenvolvimento do pequeno verificar se há uma pessoa - e
só uma - preenchendo a "função materna".
A angústia que marca este
período é que as mães precisam trabalhar e colocar dinheiro em casa. É
raro o casal que tem condições de abrir mão do salário da mulher",
diz a psicóloga. E, além disso, há a questão profissional, que também
contribui para a felicidade da mãe.
Karin levanta uma questão
a respeito deste momento. "Nossa sociedade tem um preconceito mal disfarçado
contra as mulheres que escolhem educar os futuros cidadãos" diz. Claro,
elas não geram dinheiro, mas indivíduos. "Na Inglaterra, surgiu um
movimento chamado Mothers Go Home (Mães em Casa), que reivindica dois anos de
licença-maternidade", conta. O raciocínio de Karin é simples. Quando a
mulher tem direito a 2 anos de licença, ela escolhe por si mesma. Se sua
carreira for importante, ela coloca o filho num berçário e volta ao
trabalho. Se quiser ficar com o bebê, ela não precisará abrir mão da
carreira.
Equilíbrio: enquanto
a lei não oferece estes direitos, é preciso tentar encontrar uma saída. Se
a mulher descobre que sua carreira é vital para que se sinta feliz ou se o
seu salário é fundamental para o orçamento da casa e até mesmo para poder
criar e oferecer uma boa educação aos filhos, sua vontade de voltar ao
trabalho a leva a aceitar melhor a separação. Isso não inviabiliza a
maternidade, apenas cria limites de tempo. O que acaba exigindo uma rotina bem
organizada e bastante energia para que tudo dê certo.
Há muitas saídas, desde
a ajuda psicológica até um novo arranjo profissional para ficar mais tempo
com seu bebê. Algumas mulheres têm grande sucesso optando por trabalhos
alternativos que podem ser realizados dentro de casa, reduzindo a jornada de
serviço e até mesmo mudando seu ramo de atividade para poderem ficar com
seus filhos enquanto eles crescem. Mas antes de entregar sua carta de demissão,
tenha certeza de que é isso mesmo que você quer. Você deve refletir se não
irá se arrepender da sua decisão no futuro. Pense que a pior sensação para
a criança é ter sobre seus ombros a "culpa" da escolha materna.
Segundo Karin,"a mãe
pode optar por ficar com o bebê e depois, mais tarde, voltar a trabalhar. Mas
ela deve evitar fazer isto quando o bebê estiver com 8 ou 9 meses, diz.
Porque, nesta fase, a criança descobre que a mãe não faz parte dele. E se
assusta com a possibilidade de ela sumir para sempre. É a chamada angústia
da separação.
Portanto, o melhor é
decidir o que irá fazer antes ou durante a gravidez. Assim, você vai se
acostumando com a idéia, já procura um lugar de confiança para seu bebê ou
até consegue refazer sua vida profissional em torno desta nova realidade.
(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 28)
"As menininhas ficam
uma graça com as orelhas enfeitadas.
Mas até que ponto vale a
pena fazer os tais furinhos?
Veja aqui os prós e os
contras"
Basta saber que o bebê
será menina e as providências para arrumar a bonequinha começam a ser
tomadas. Enxoval rosa, lacinhos para colocar nos cabelos e... o par de
brincos, claro! Afinal, antes que qualquer um olhe sua pequenina de longe e
pergunte se é menino ou menina, o adereço reluzente pode dispensar a dúvida.
Costume primitivo, podem
alegar uns. Tradição, reforço da feminilidade ou simplesmente um enfeite a
mais, podem justificar outros. O fato é que muitos bebês já saem da
maternidade com a devida jóia enfeitando os lóbulos das orelhas. Conheça as
vantagens e desvantagens de sua filhinha usar esse adorno.
VANTAGENS
· O processo é mais
tranqüilo - Apesar da dor que a pequena recém-nascida sente ao receber um
furinho na orelha, ela consegue lidar melhor com a situação do que as
meninas mais velhas. Nessa fase, as nenezinhas costumam não ficar tão
assustada e, portanto, terão menos traumas em relação a esse assunto no
futuro.
· Os brinquinhos já
passam a fazer parte do visual da criança desde cedo Mais importante para os
pais do que para o bebê, exibi-los ainda enquanto recém-nascidos
já reforça a
distinção do sexo, o que é bastante valorizado culturalmente. Então, em
nome dessa questão social e da estética, é interessante furar as orelhinhas
o quanto antes.
· A cicatrização
costuma ser mais rápida - A pele é um órgão que se regenera com mais
rapidez. E, quanto mais novo o ser humano, maior essa capacidade. Assim,
no 1º ano de vida,
o período de recuperação
após furar as orelhas acaba sendo abreviado.
DESVANTAGENS
· Furar as orelhas não
é um procedimento inócuo - Vale lembrar que sempre há o risco de contrair
infecções, ou pela má assepsia ou por uma reação alérgica ao material
dos brincos.
· A bebezinha sente dor
- Ao contrário do que afirma a crença popular, recém-nascido sente dor.
Portanto, sua filha sentirá o desconforto (nem que seja aquela picada incômoda
do anestésico) na hora de furar as orelhas.
· Não dá para retirar
os brincos por um período Depois da colocação até a cicatrização
completa, não há como tirá-los. Caso contrário, os buraquinhos se fecham
e perdem-se os furos.
· O bebê corre o risco
de ter uma inflamação - Se os brincos forem colocados sem as condições
ideais de esterilização, o bebê pode ganhar uma infecção ou inflamação
no tecido gorduroso da
pele. Quanto mais próximo do rosto, pior o problema.
CUIDADOS BÁSICOS
-
Compre brincos de
outro. Quanto maior a qualidade do material, menos risco de alergias.
-
Quem vai fazer o
procedimento deve usar luvas.
-
A maioria dos
hospitais - principalmente os grandes - não permite que o bebê tenha
as orelhas furadas ali, logo que nasce. Mesmo assim, o ideal é
conseguir a ajuda de um profissional que trabalhe no berçário para
fazer o serviço fora dali. Certamente ele já estará habituado ao
procedimento e fará tudo dentro das normas de assepsia necessárias.
-
Depois da colocação,
recomenda-se a aplicação de um anestésico de uso tópico. Ele deve
agir sobre a pele por, no mínimo, 10 minutos, tempo suficiente para
diminuir bastante a sensibilidade da região.
-
Para fazer os furos,
alguns profissionais preferem usar os próprios brincos com pontas
afiadas. Outros usam uma agulha de injeção de calibre pequeno.
-
A região deve ser
lavada normalmente com água e sabonete neutro e, todos os dias, limpa
com álcool a 70%.
-
Ao menor sinal de
calor, vermelhidão, inchaço ou secreção no local, procure o pediatra
para tratar a infecção.
(Fonte: Revista "Meu
Nenê", edição 9 - Consultoria: Pedro Paulo Amaral Corrêa, pediatra da
Maternidade São Luiz de São Paulo e da Escola Paulista de Medicina, UNIFESP)
De
6 a 12 meses
Quando o bebê completa
seis meses de idade, talvez por representar meio ano de vida, esse
momento assume um aspecto "histórico". Muitos pais fazem questão
de marcar a data com algum tipo de comemoração, principalmente nos casos
de o bebê ter sido auto-estimulado, sua ambientação e adaptação ao modelo
familiar já ser bem aparente, suas atitudes encaixarem-se perfeitamente
dentro do que os pais orientaram, os retornos mútuos são plenamente
satisfatórios e a felicidade é geral. Ele já procura manter-se sentado
sozinho, chega perto de móveis ou objetos que lhe dêem apoio para se içar
e se manter em pé, levanta e senta desse jeito inúmeras vezes, chega perto
das pessoas e pede que o auxiliem. Lembramos que auxiliar um bebê, que já
consegue fazer sozinho o que pede, é desaconselhável por tirar dele o estímulo
e os méritos.
No que toca à alimentação, nessa idade já se introduzem, se não tiver
sido antes, as refeições de sal, as famosas "papinhas" de
legumes com carne e ovo, sempre amassadas com garfo e nunca passadas no
liqüidificador, seguidas de sobremesas de frutas e, depois, de doces ou
derivados de leite, no almoço e no jantar. Sucos de frutas e/ou legumes
devem ser oferecidos nos intervalos, mantendo-se a amamentação materna
para os outros horários, até quando a mãe decidir, tendo os 10 meses
de idade como limite máximo para o bebê não vir a sofrer fixação
oral com dependência afetiva materna. Deve-se seguir a orientação do
pediatra responsável.
Para dormir, o berço, em geral, continua a ser o melhor lugar. Os horários para
as atividades deverão ser mantidos dentro de limites determinados lembrando-se
que progressivamente a necessidade de sono diário vai diminuindo.
Deve-se reduzir o tempo de sono no período diurno para que o bebê possa
utiliza-lo na auto-estimulação precoce e na continuação do seu desenvolvimento.
Mantenha a auto-estimulação
Nunca esquecer que os princípios básicos da auto-estimulação precoce devem continuar
a ser mantidos, isto é, permitir à criança um franco desenvolvimento
dentro do ambiente, sem deixar faltar o básico e nada oferecer além
disso para não condicioná-la a excessos desnecessários que obviamente
cortariam seu elo de vitórias e lhe tirariam os méritos pessoais.
É muito freqüente, no decorrer do crescimento, as crianças tornarem-se engraçadinhas,
interessantes, reconhecidas, retribuidoras e por isso serem consideradas
merecedoras de "algo mais" . São válidas as condutas que premiam
mas não as que o fazem em excesso porque levam ao hábito, supervalorizam
o feito das crianças, e entram no oposto, levando-as ao egoísmo,
egocentrismo e, muitas vezes, à paranóia. Um conselho que sempre damos
é o de se procurar não fazer da criança um "artista" com
demonstrações repetidas do que aprendeu, porque o sucesso "sobe à
cabeça", a faz estacionar nele e o que poderia ser estímulo passa
a ser fonte de orgulho, falsa satisfação e estagnação.
Ao entrar no oitavo mês de vida a alimentação do bebê deve expandir-se com
a introdução gradual dos alimentos mais sólidos amassados com o garfo.
A sopa, ao invés de ser peneirada, já passa a ser também amassada com
garfo e perto do nono mês a dieta deve começar a ser liberada para tudo
o que ela puder mastigar e engolir. Observem-se restrições a alimentos
que podem causar alergias como porco, gordurosos, peixes, frutos do mar,
clara de ovo, chocolate e algumas frutas como kiwi, morango, uva, manga e
abacaxi.
Entre o sétimo e o oitavo mês deve ser completada a vacinação contra
Hepatite B com a aplicação da terceira e última dose.
Não ajude a criança a andar
Entre o nono e o décimo mês, a criança, que começou a manter-se sentada
sem apoio aos sete, já inicia sua locomoção engatinhando com mais
velocidade, ergue-se sozinha e mantém-se em pé com apoio nas paredes,
nos objetos, nas pessoas e já começa a ensaiar os primeiros passinhos.
Cuidado, não é bom ajudar a criança a andar dando-lhe a mão porque se
desenvolve nela o medo de andar sozinha, retardando sua independência.
É importante, e isso torna-se cada vez mais difícil, continuar a
estabelecer limites porque a criança auto-estimada confia em si e tem
muita segurança no que faz. Assim, teima em fazer o que deseja apesar de
o ambiente o proibir.
É sempre interessante e obrigatório que se mantenha os limites e proibições para
que ela continue a auto-estimulação sensu lato, liberdades com limites.
As vacinas desta fase são contra o sarampo (primeira dose), teste tuberculínico,
a reação de PPD com repetição da vacina BCG se o PPD for negativo.
Após os dez meses de idade libera-se a dieta para quase tudo, mantendo-se a restrição
a porco, gordurosos, frutos do mar e temperos fortes. Não há vacinas a
serem dadas até a idade de 1 ano.
A criança já entabula algumas palavras monossilábicas, já fala cerca de 6
a 10 palavras, pede através delas o que mais quer e o que mais está
habituada. É quando a estimulação do uso da palavra deve ser
incrementada, através do não entendimento do que ela quer dizer por
gestos ou murmúrios, insistindo para que fale, indicando palavras
corretamente pronunciadas, nunca imitando-a no "seu jeito engraçadinho"
de falar. Quando ela chega aos 12 meses de idade está apta a ser
"graduada" com a comemoração do seu primeiro ano de existência.
(Fonte: Dr. Henrique
Klajner - <klajner@uol.com.br> - Pediatra
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e autor do livro
"Auto Estimulação Precoce do Bebê")