Como fica a sexualidade
delas?
Foi-se o tempo em que as
festinhas de aniversários das garotas eram embaladas por inocentes cantigas
de roda. Hoje, além do parabéns, o som mais ouvido são os sambas do grupo
É o Tchan, acompanhados de muito requebro dos quadris e do bumbum. As
apimentadas Spice Girls também não faltam na trilha sonora. Muitos pais se
perguntam se tanto erotismo não prejudica as garotas.
O maior temor é que elas
despertem muito cedo para as questões relativas ao sexo. O que seduz a criançada
não é o apelo erótico, mas o ritmo contagiante do samba de roda ou da música
pop. O erotismo é algo abstrato, um clima que se cria com intenções
sexuais. Como crianças desta idade ainda não possuem pensamento abstrato,
elas não conseguem compreender a malícia das músicas e coreografias.
"Uma apresentação
das Spice e do É o Tchan não tem o mesmo significado para crianças e
adultos", explica o professor de psicologia do desenvolvimento da PUC/SP
Antonio Carlos Amador Pereira. O psicólogo afirma que um show de streaptease
não provocaria o mesmo encanto nas meninas, porque não apresentam os
aspectos dos grupo baiano e inglês que tanto atraem a garotada.
É preciso, porém, tomar
cuidado para não expor a criança a situações perigosas. Amador recorda-se
de um concurso na televisão para premiar a criança que melhor imitava Carla
Perez. "Eles transformaram as garotas que participaram em mulheres
fatais. Isto leva a uma exploração da criança e a um certo voyerismo",
adverte.
A psicóloga Marta Suplicy
concorda. Ela lembra uma festa escolar em que as meninas dançavam o Tchan. A
mais brejeira era aplaudida pelo pai até que este percebeu o olhar lascivo
dos outros pais. Aí, prontamente retirou a garota do samba. "Situações
como esta expõem a criança ao abuso sexual e a tornam objeto de lascívia
para adultos", alerta.
A dança da Carla Perez não
foi criada para as crianças, mas para estimular a fantasia masculina. Além
disso, a sexualidade é aprendida por etapas e quando há uma estimulação
muito precoce pode ocorrer um "atropelamento" deste processo. Isto
pode confundir as crianças, levando-as a ter um padrão de comportamento que
está fora da sua compreensão. "A dança do Tchan é algo mais
genitalizado, valoriza a roupa, o corpo e a forma de requebrar. Sexualidade não
é só isso, é construída em etapas e inclui nuances como uma troca de
olhares", enfatiza Marta.
Não se deve proibir as
pequenas de requebrarem como a loira baiana, porque elas encarariam a
sensualidade e o corpo como algo ruim. "A dança também estimula a
brejeirice
feminina que durante muito
tempo foi reprimida", ressalva a psicóloga.
O melhor é usar o bom
senso e a naturalidade. Se a admiração por estes grupos musicais e suas
coreografias partiu das próprias crianças, deixe que elas se divirtam. E
importante, porém, não estimular demais este aspecto, nem expor a garota a
situações de exibicionismo. "Uma coisa é dançar numa festa de aniversário,
entre amigos, outra é exibir a menina num programa de TV", alerta
Amador.
(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 58)
"Eles querem
tudo o que vêem nas propagandas da TV.
Veja como atitudes
simples podem frear a voracidade destes pequenos consumistas"
Seduzidas pela
propaganda das revistas e da televisão e pelas atraentes vitrines dos
shoppings, as crianças querem tudo o que vêem: da boneca recém-lançada
à sandália da apresentadora de TV O novo game que acabou de chegar ao
mercado e o carrinho supermoderno e cheio de recursos especiais. Haja
dinheiro para bancar tantos produtos!
Hoje a garotada é mais
consumista do que há alguns anos, por uma série de motivos. O marketing
infantil teve um grande impulso nas últimas décadas, desenvolvendo estratégias
inteligentes para atrair os grandes consumidores mirins. Os programas de
televisão destinados aos pimpolhos estão cada vez mais sofisticados. Seus
protagonistas transformaram-se em bonecas, em capas de caderno, em
figurinhas autocolantes, em peças de vestuário... Como é possível que os
pequenos resistam a estes produtos tão encantadores? A mudança no estilo
de vida das crianças modernas também contribuiu para este comportamento.
Claro que um brinquedo novo sempre fez a alegria da garotada em qualquer época,
em todo lugar, mas antigamente, uma rua tranqüila e alguns amigos para
brincar de roda, pega-pega ou esconde-esconde já eram suficientes para
armar a festa. Mas a rua tranqüila se transformou numa avenida engarrafada
e perigosa. Hoje restam às crianças assistir à televisão e brincar no
quarto com sua caixa de brinquedos.
Esta mesma vida moderna
levou as mamães a trabalharem e ficarem menos tempo junto aos filhos.
"É comum, na volta ao trabalho, as mães trazerem presentes e
lembrancinhas para os filhos como uma maneira de compensar esta ausência",
constata a pedagoga e psicóloga Elizete Fernandez. "A conseqüência
disso é que as crianças tendem a ser mais materialistas", adverte a
psicóloga. Não há mal algum em querer presentear alguém que a ~ente
gosta tanto como um filho. E realmente um prazer ver aqueles olhinhos
brilhando ao receber uma surpresa. É também uma maneira de demonstrar
carinho e afeição. Mas lembre-se que não é a única.
Quando retornar do
trabalho, fique um pouco com o pequeno, pergunte como foi o seu dia na
escola e em casa. É nestes momentos que a criança sente que você está
presente e se preocupa com ela. Alterne a ida ao shopping nos finais de
semana com passeios a parques ou viagens para locais em que haja mais
proximidade com a natureza. A criança perceberá que existem outros
prazeres além do consumo.
Lembre-se que os pais são
os modelos dos filhos e se você anda exagerando nas compras, fique certa de
que isso vai influenciar os desejos consumistas da criança. A escola e os
colegas também influenciam. E se não há dinheiro para comprar um
brinquedo igual ao do amiguinho, explique-lhe a situação. Assim, ela começará
a entender o valor das coisas.
(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 56)
"A criança olha
fundo no olho da avó e consegue aquele passeio que a mãe estava negando.
Este tipo de situação é
um martírio para os pais"
Depois de educar seus próprios
filhos, tudo o que os avós querem é curtir seus netos. E acabam lhes fazendo
todas as vontades. Segundo o psicólogo Léo Baroni, não há mal algum nisso.
"Os avós ficam felizes ao ver seus netos felizes", diz. Mimo
deseduca, doutor? "Na verdade, há alguns momentos em que não reclamamos
da atenção excessiva que nossos filhos recebem, mas da atenção que não
recebemos quando éramos pequenos", avisa Léo.
A reclamação mais freqüente
é que os avós detonam os limites que os pais estabelecem para os netos. O
psicólogo diz que isso é saudável para a criança ela poderá ter esta
experiência, fazer o que é proibido em casa e mais tarde ter parâmetros
para estabelecer suas escolhas. Antes de começar a brigar, é importante
fazer uma análise tranqüila e desapaixonada do que está acontecendo.
Independente do
relacionamento entre avós e netos, é preciso que os adultos resolvam suas
diferenças - "as crianças estão olhando e aprendendo tudo", diz o
psicólogo. Nesta situação, ela encontra o palco perfeito para manipular os
adultos, utilizando sua ótima capacidade de observação e conseguindo que façam
suas vontades. O grande problema é que no futuro ela vai continuar praticando
e tentando manipular os outros em vez de se relacionar.
Relações Delicadas: Cada
um age de um jeito, realizando as vontades dos netos. Se os avós ficam com as
crianças o dia todo, eles provavelmente não se sentem à vontade para atuar
na educação - mesmo quando os netos merecem uma repreensão. Nas visitas
semanais, sentem-se ótimos cobrindo os netos de presentes e realizando suas
pequenas vontades. Em outras circunstâncias, os avós ficam com os netos para
que os pais possam ter algum tempo sozinhos - e os pequenos fazem tudo o que
em casa não podem. Em todos estes casos, o psicólogo diz que o mimo faz
parte da educação, pois dá às crianças a oportunidade de conhecer outro
ponto de vista.
Os avós só irão passar
dos limites quando interferirem no modelo de educação criado pelos pais. Se
aquele passeio foi condicionado a um comportamento da criança - a negociação
costuma ser uma boa estratégia nesta fase -, ela precisa saber que não há
como escapar. Se já existe uma disputa na família, ela vai utilizá-la a seu
favor. Avós bem sintonizados com a educação dos pais vão lhe dar suporte -
ou não, caso pensem que está errada.
O objetivo é tentar
eliminar todo tipo de chantagem e manipulação das relações entre os
adultos, para evitar que as crianças aprendam essas estratégias pouco saudáveis.
E se o problema for com a sogra, ninguém tem desculpa. "Quando a pessoa
casou, aprovou - se não no todo, pelo menos em parte - a educação que o
outro recebeu", diz Léo.
(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 28)