"O pequeno está
crescido, mas não é hora de abandonar os hábitos de higiene.
Sendo assim, é preciso
tomar alguma providências práticas para evitar que ele seja
contaminado com vírus,
bactérias e fungos típicos de gente grande"
Conforme cresce, a criança
aumenta sua imunidade, se torna mais resistente às infecções. Mas, com 3 ou
4 anos, ela ainda não está totalmente protegida. Mesmo com todas as vacinas
em dia, é preciso tomar alguns cuidados com a higiene para evitar problemas.
O importante é lembrar que não são embora pareçam - adultos em miniatura.
O que pode ser um problema simples em gente grande, é uma enorme chateação
nas crianças.
Parece óbvio que quanto mais limpo for o ambiente onde a criança vive - sua
casa, seus brinquedos e roupas -, menos chances ela tem de ficar doente. Claro
que não é preciso esterilizar tudo o que entra em contato com eles. O mundo
está cheio de bactérias, vírus e fungos e eles terão de enfrentá-los em
algum momento. Mas não convém facilitar. Inclusive porque, além das doenças
fáceis de cuidar, como resfriados, há também as que podem deixar seqüelas
graves, como a meningite, a hepatite e as infecções respiratórias.
Como, então, proteger seus filhos? Basta um pouco de bom senso e um olhar
atento sobre a comida, o banho e o contato com os outros. Na hora da comida, a
criança precisa de qualidade e limpeza. Tudo começa pelos próprios
alimentos. Por exemplo, lavar bem as frutas e legumes previne infecções
intestinais. O cuidado, neste caso, está nos restaurantes e lanchonetes. É
preciso que pratos, copos e talheres estejam bem limpos. E que a cozinha seja
tão higiênica quanto o salão da frente, com cozinheiros asseados.
Não devemos compartilhar os objetos que levamos à boca. Isso pode ser um
agente transmissor de infecções leves (como cáries) ou graves (como
hepatite). Aproveite para ensinar seu filho a usar seus próprios talheres,
prato e copo. Em casa, um ótimo jeito de evitar que eles usem copos sujos,
deixados sobre a pia, é usar os descartáveis. Assim, você terá certeza que
ninguém mais usou aquele copo. Um jeito mais barato é ter um copo para cada
um na casa, com desenhos ou nomes escritos.
A boca é uma porta de entrada para as infecções. E como eles sempre querem
colocar a mãozinha na boca, ensine-os a lavá-las sempre - principalmente
antes das refeições e depois de brincar na terra. Fique de olhos abertos
também com os brinquedos. Dê preferência a todos que sejam laváveis
(inclusive os bichos de pelúcia). As chupetas, que às vezes ainda são
usadas nesta fase, devem ser esterilizadas.
Contato com adultos e animais: Outro foco de infecções é o contato com
adultos ou animais doentes. Tome
todas as precauções - até o uso de máscara mesmo que as medidas pareçam
exagero. O pediatra Dráuzio Viegas recomenda os seguintes cuidados:
· Crianças devem ser afastadas de adultos com doenças infecciosas
(resfriados, conjuntivite, acne, bronquite ou rinite) . Se não for possível,
convém evitar contato íntimo (abraços, beijos e colo). Se o doente for o
pai ou a mãe, vale usar máscara e lavar muito bem as mãos antes de cuidar
da criança.
· Os pequenos, nesta fase, costumam dormir com os pais. Eis outro foco de
contaminação, já que as bactérias ficam nas fronhas e no ar do quarto.
Incentive-os a dormir na sua própria caminha.
· Animais dentro de casa exigem cuidados em dobro. Eles devem estar saudáveis
e sempre limpos, já que as crianças podem ter alergia ao pêlo.
· A tuberculose, que havia sido erradicada, está de volta. E, para piorar, o
bacilo está mais resistente. Além de evitar contato com doentes, a criança
deve ser muito bem examinada em caso de tosse persistente - seja ou não
acompanhada de escarros com sangue.
· Os pais e mães que costumam tomar banho junto com seus filhos têm de
estar bastante atentos. A qualquer sinal de doenças de pele, a prática -
muito saudável do ponto de vista emocional - deve ser abandonada.
· O banheiro (box, banheira e sanitários) pode ser uma verdadeira cultura de
bactérias e fungos, transmitindo doenças de pele (como as micoses) e infecções
urinárias ou digestivas. Por isso, deve ser lavado pelo menos uma
vez por dia. Caso seu filho ainda tenha uma banheira só sua, lave com água e
sabão antes de usar.
· Adultos com doenças venéreas, como gonorréia ou candidíase, podem
infectar as crianças pelo assento do sanitário. Quando houver alguém na
casa com este tipo de infecção, ele deve ser limpo com desinfetante assim
que for utilizado. Essa regra só vale para algumas doenças venéreas - sífilis,
por exemplo, só se pega através de contato sexual.
Cuidados com as roupas:
Mas isso não é tudo. As roupas usadas pelos pequenos também exigem alguns
cuidados. As toalhas devem ser arejadas e/ou expostas ao sol diariamente,
lavando uma vez por semana. Isso evita impetigo, micose e furúnculos. Outra
boa medida para evitar as doenças de pele é fazer um cesto de roupa suja só
dos pequenos e lavá-las separadamente. Os fungos causadores de micoses (que
adoram ambientes úmidos e quentes) podem ser transmitidas através das
roupas. Nada disso vale a pena se você não observar regras de higiene
pessoal, avisa o Dr. Drauzio. Ensine a criança a limpar-se da frente para trás
- isso evita a contaminação dos genitais com coliformes fecais. Ela deve
criar o hábito de lavar as mãos e o rosto e ter as unhas bem cortadas e
sempre limpas.
PREVENINDO A HERPES
A herpes é uma doença
contagiosa, causada por 2 tipos diferentes de vírus: um que é transmitido
através do contato e que se manifesta por uma deficiência imunológica da
pessoa, provocando a herpes oral; e outro, que causa a herpes genital,
transmitido através de relações sexuais. No caso de pais que tem herpes
oral convém evitar contato íntimo com os filhos sempre que aparecerem as
feridas típicas desta doença. Neste caso também convém separar toalhas e
guardanapos (caso sejam de pano). Quando a doença surge nas crianças,
normalmente elas serão portadoras do vírus pelo resto da vida. A 1ª
manifestação normalmente é muito forte. Atinge o lábio, gengivas, língua
e bochechas. As ulcerações são bastantes dolorosas e podem causar febre,
levando cerca de 15 dias para cicatrizar.
(Fonte: Revista
"Mãe, você e seu filho", edição 28)
"Cuidado com o que
você diz na frente das crianças.
Às vezes, os pequenos
aprendem a pronunciar palavrões dentro da própria casa"
O vexame foi total e
absoluto. Você está oferecendo um almoço às visitas, quando, de repente,
o pequeno solta aquele sonoro e inesperado palavrão, bem cabeludo, deixando
um clima de constrangimento no ambiente. Envergonhada, você se pergunta: é
possível evitar saias justas como esta? Dito por pura diversâo e algumas
vezes por raiva, o palavrão provoca um verdadeiro fascínio nas crianças.
Diga-se de passagem que nâo é por conhecerem o seu significado. Na
realidade, elas ainda não têm malícia para tanto e não entendem o que
estão dizendo. O que sabem é que, ao ser pronunciado, o palavrâo costuma
provocar uma reação nos adultos. Pode ser de espanto, de vergonha ou de
raiva. É por isso que eles acham tão divertido e intrigante pronunciá-los.
Mas com quem aprendem a falar estes termos? Muitas vezes, com os próprios
pais, sem que eles se dêem conta. No cotidiano, nós recorremos ao palavrâo
quase como um reflexo instantâneo diante de algo desagradável que nos
aconteceu. Lembre-se que o pequeno está de ouvidos bem abertos para captar
tudo o que ouve e repetirá o que aprendeu na hora mais inesperada. "As
crianças são como um disquete de computador que tudo reproduz",
alerta a psicóloga e pedagoga Elizete Fernandez.
Por isso, cuidado com o
que você diz na frente de seus filhos. Evite falar palavrões na presença
da criança, pois os pais são os seus modelos. Mas não são os únicos.
Verifique se os coleguinhas da escola ou mesmo o irmâo mais velho nâo sâo
os responsáveis por estas "inovações" no vocabulário do
pequeno. Ele mesmo o dirá, se você o questionar. Não podemos esquecer,
também, da influência da televisão que, a qualquer hora, invade nossas
casas com programas sensacionalistas e de mau gosto.
Converse depois com o
irmâo e com a diretora da escola, expondo o problema e pedindo para que
sejam evitados termos chulos diante da criança. Tenha um diálogo também
com o pequeno, com tranqüilidade e sem raiva. Tapas e castigos de nada
resolvem. Explique-lhe que estas palavras podem machucar as pessoas e que
isso pode afetar a sua amizade com os amiguinhos e suas famílias, pois
crianças que vivem xingando as outras pessoas não são admiradas e muitos
nâo gostam de tê-las por perto. Na verdade, evitar que a criança fale
palavrões é uma maneira de proteger sua imagem diante dos amiguinhos e dos
seus pais.
É também uma forma de
não incutir preconceitos nos pequenos. Na nossa civilizaçâo, os palavrões
são tão antigos quanto Adão e Eva. Muitos designam o sexo e os órgãos
sexuais, demonstrando a aura de censura que envolve o tema. "Como o
palavrão é algo feio, a criança associa a sexualidade também como algo
feio", explica Elizete Fernandez. Se o pequeno pronuncia palavrões com
freqüência, talvez esteja querendo chamar a atençâo. Aí, mais uma vez são
necessários uma boa conversa, paciência e observação para compreender o
porquê deste comportamento.
(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 56)
Saiba como agir.
Ela já foi chamada de
"máquina de fazer doido" e de "a arte do consumidor".
Até que ponto a televisão prejudica nossas crianças? Estudiosos
concordam que a TV para crianças na fase pré-escolar é uma fonte de estímulos
para suas fantasias e para enriquecer seu vocabulário. O pequeno tem
contato com o mundo e com outras vozes além das de seus familiares.
"Mas como a criança ainda não possui pensamento abstrato, as coisas
começam a se complicar", ressalta a psicóloga Marta Suplicy, que
preside o Tever, uma organização não-governamental que estuda a televisão
brasileira e seus efeitos.
Grande parte dos
desenhos animados tem cenas de violência, o que pode fazer com que a
criança considere normal esmurrar o irmão ou jogá-lo num abismo. Se o
Piu-Piu faz
maldades com o Frajola
e o pobre gato não morre, ela também poderá fazer o mesmo. Se ela
atirar no irmão, o máximo que vai acontecer é aparecer um buraco na sua
barriga, que logo será reconstituído, como no desenho.
"Há a história
de um menino norte-americano que levou um tiro e ficou surpreso ao notar
que sentia dor", exemplifica a psicóloga Susana Prado, do Tever. Há
crianças que colocam uma capa nas costas e pulam de uma altura considerável,
imaginando que voarão como o super-homem.
Para evitar estes
perigos, Marta Suplicy recomenda aos pais assistir à TV com os filhos,
mostrando o que há de mentira e de verdade na programação no momento em
que a cena está sendo transmitida. O professor da PUC/SP, Antonio Carlos
Amador Pereira, concorda. "Isto ajuda a desenvolver o senso crítico".
Os pais têm grande
responsabilidade em relação à influência da televisão sobre seus
filhos. É importante não transformá-la no que se costuma chamar
"babá eletrônica". Se você deixá-lo sozinho, tratar-se-á de
uma atividade passiva. Além disso, seu filho também precisa fazer exercícios
físicos, brincando com outras crianças.
Outro fator
preocupante são as cenas de sexo. "Não se trata de moralismo, mas
uma criança de 3 ou 4 anos não tem capacidade de entender o que é uma
relação sexual", adverte Pereira. O jeito é restringir certos
programas, não só os que têm cenas de sexo, como também os
sensacionalistas, que não acrescentam nada aos baixinhos.
É fundamental
conversar com a criança e explicar-lhe o porquê deste limite. Aliás,
esta é a palavrinha chave para enfrentar também o apelo ao consumo. É
claro que o pequeno vai pedir tudo o que lhe seduz na TV. Cabe a você
explicar por que não pode atender a todos os pedidos.
Em países como a
Inglaterra, a não é permitido o merchandising (propaganda escondida na
programação) e há restrição de horários para cenas de violência e
sexo. Nos Estados Unidos, os pais começaram a reclamar do nível da
programação infantil, o que resultou numa sensível melhora dos
programas. Aqui no Brasil, apesar de poucos movimentos nesse sentido, também
há programas de qualidade. E, onde quer que seja, é certo que a garotada
adora qualidade. Por aqui, o sucesso do Castelo RáTim-Bum é uma prova.
(Fonte: Revista
"Mãe, você e seu filho", edição 58)