Desidratação, brotoeja, impetigo:
saiba como prevenir as doenças mais freqüentes no verão
 
Verão é sinônimo de calor, sol e praia. Mas para curtir a estação com tranqüilidade junto com os baixinhos, são necessários alguns cuidados para prevenir doenças que se propagam com mais facilidade nesta época do ano, graças ao calor.
Uma das que mais preocupam as mamães é a desidratação, que costuma aparecer quando o pequeno tem problemas no aparelho gastrointestinal. Com o calor, os alimentos deterioram mais facilmente. Quando ingeridos, provocam diarréia e vômitos, o que faz com que a criança perca água e minerais.
Por isso, o cuidado com a conservação dos alimentos deve ser redobrado em dias quentes, principalmente o leite, um meio propício para o surgimento de bactérias. Evite gorduras, frituras e produtos industrializados, pois agridem o estômago. Prefira alimentos frescos e abuse das frutas legumes, verduras, sucos naturais e água.
Caso a criança tenha diarréia, dê-Ihe bastante líquido, pois a desidratação acontece quando se perde mais água do que recebe. Também ofereça o soro industrializado ou caseiro (uma colher de café de sal e duas colheres de açúcar, dissolvidas em um copo de água filtrada e fervida). Nada de refrigerantes: além de não reporem a quantidade de minerais necessária, têm muito açúcar, o que piora a diarréia. "A alimentação não deve ser suspensa. Apenas evite comidas pesadas. Continue dando leite para a criança", recomenda o pediatra Clóvis Francisco Constantino, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Outra regra básica do verão é: quanto menos roupa melhor. Crianças pequenas muito agasalhadas transpiram excessivamente, podendo até desidratar  e ter febre, além de criar o ambiente ideal para o aparecimento de brotoejas, que coçam e irritam o baixinho. Se entrarem em contato com bactérias, as brotoejas podem infeccionar,
causando uma doença conhecida como impetigo, tratada com medicação prescrita pelo pediatra.
Uma boa dica para manter a defesa natural da pele é não abusar do sabonete. Claro que você poderá banhar o pequeno mais de uma vez por dia, mas procure fazer a sua higiene mais pela ação da água levemente morna. Deixe o sabonete apenas para as regiões do corpo que mais necessitam, como axilas e genitais.
Neste tempo de praia e piscina, a proteção à delicada pele do baixinho deve ser intensificada antes dos primeiros mergulhos. Lembre-se que a exposição ao sol deve ser evitada das 10h às 16h, período de maior incidência dos raios solares nocivos. Não esqueça que, em grande parte do país, é horário de verão. Use sempre o protetor solar, com fator de proteção (FPS) 15, no mínimo. Como o produto sai em contato com a água, passe diversas vezes.
Crianças de pele muito clara devem usar bloqueadores que têm FPS até 60. Nos dias quentes, o melhor é que os "branquinhos" usem protetor solar nas partes expostas do corpo, mesmo que não estejam na praia ou na piscina. "Estes cuidados previnem o câncer de pele quando a criança crescer, pois o efeito dos raios solares é cumulativo", adverte Clóvis Constantino.
(Fonte: Revista "Mãe, você e seu filho", edição 58)
 
 
 
 
 
CALMA, ELE VAI ANDAR
"Não fique assustada se o seu filho ainda não caminha sozinho.
Cada criança tem sua própria evolução motora, que deve ser respeitada"
 
Marina está com 1 aninho, mas ainda não se aventurou a dar seus primeiros passinhos. O pediatra garantiu à mamãe que não há nenhum problema com a garota, mas sua prima, de apenas 11 meses, já anda, toda sapeca, nas reuniões familiares. "A Marina ainda não está andando?", é o que sempre perguntam à mãe. É inevitável que em sua cabeça e em seu coração surja a dúvida: será que Marina é realmente normal?
Claro que sim. Cada criança tem seu próprio ritmo para ensaiar os primeiros passos sozinha. Andar é um dos componentes de um processo maior, o desenvolvimento motor, que é realizado de forma contínua e em etapas. Entre firmar a cabecinha e caminhar com desenvoltura, leva um certo tempo. Alguns cumprem estas funçôes mais cedo do que outros, sem que isso represente um problema. "Trata-se, apenas, de uma maturação mais rápida ou mais lenta do sistema nervoso. A velociadade é determinada geneticamente e influenciada pelo ambiente", explica a neurologista Jessie de Navarro, do Instituto da Criança (SP).
O processo varia tanto de uma criança para outra que algumas nem mesmo engatinham antes de andar. Em geral, aos 13 ou 14 meses o bebê começa a andar sozinho e sem apoio. Se seu filho deu os primeiros passos um pouco antes ou depois, não há com o que se preocupar Se essa situação persistir após os 18 meses, é recomendável consultar o pediatra da criança, pois pode ser sinal de um atraso motor.
Uma boa dica é estimular o bebê. Crianças que recebem estímulos costumam apresentar uma evolução motora mais rápida do que aquelas que permanecem muito tempo quietinhas em seu berço. Isso pode ser feito de maneiras bastante simples. Desde os primeiros meses, converse com o bebê, acaricie seu corpinho e brinque com ele. Mas evite os exageros. "Não se deve estimular demais, pois precisamos respeitar as etapas do desenvolvimento motor e, acima de tudo, respeitar a criança individualmente", orienta Jessie Navarro.
 
Conheça a evolução motora do bebê:
Cada criança tem seu próprio ritmo para a evolução motora. Mesmo assim, pode-se dizer que, em média, os bebês se desenvolvem da seguinte maneira:
3 meses - rola o corpinho e passa da posição deitado de oostas para deitado de bruços, com a barriga para baixo.
4 meses - rola para ambos os lados.
4 a 5 meses - pega um objeto com toda a mão.
5 meses - brinca com as mãos, começa a sentar com apoio.
6 a 7 meses - senta sem apoio, começa a engatinhar.
7 meses - é capaz de usar o polegar e 2 dedos, transfere objetos de uma mão para a outra, senta sem apoio.
8 meses - fica em pé, apoiandose com os braços
9 meses - pega pequenos objetos com o polegar e dois dedos, fica de pé com apoio.
11 meses - caminha quando seguro pelas duas mãos.
12 meses - caminha apenas com uma das mãos segura.
13 a 14 meses - anda sem apoio.
 
(Fonte: Revista "Mãe, você e seu filho", edição 56)
 
 
 
 
 
 
ASSADURAS. O JEITO É FICAR DE OLHO!
"Nesta fase, a criança não avisa sobre 'pacotão' na fralda.
Portanto, você deve treinar o seu nariz para saber a hora de trocá-la."
 
O bebê já desmamou, começou a andar e não chora mais quando faz xixi ou cocô. Resultado: ele passa um tempão com o pacotão e, às vezes, fica todo assado. Chamada dermatite amoniacal pelos pediatras, ela tem sua explicação e pode ser evitada com relativa facilidade.
Antes de mais nada, o pediatra Zan Mustacchi nos dá uma pequena lição sobre o corpo humano. "Existem muitos microorganismos que vivem em nosso corpo. São bactérias e até fungos que ajudam em muitas funções vitais - na digestão, por exemplo - e, por isso, são chamados de simbióticos (simbiose significa uma relação vantajosa para os dois lados envolvidos)." Segundo o pediatra, algumas destas bactérias, presentes tanto na pele como na urina, transformam a uréia, um ácido presente no xixi, em amônia, uma substância básica. E é a amônia (aquele cheiro típico da urina) que causa a assadura, que é uma irritação de pele.
Aqui a 1ª surpresa: não são os ácidos os responsáveis por assaduras, mas as substâncias alcalinas. Se você acha difícil que uma base possa causar tanto mal, lembre-se da soda cáustica, uma base capaz de causar graves queimaduras. "No caso do corpo humano, o ambiente ácido costuma ser mais saudável que o alcalino", avisa o Dr. Zan.
O mesmo processo do xixi se repete com o cocô, só que, desta vez, é mais fácil perceber por causa do "cheirinho". "Quanto mais forte o cheiro, mais bactérias há nas fezes" explica o Dr. Mustacchi. E, portanto, maior a formação de elementos que vão irritar a pele. Se a criança permanece muito tempo com essa fralda suja, o resultado é um só: o vermelhão atinge os genitais, a virilha e a barriga. Além de doloridas, as assaduras são incômodas.
As mães costumam associar o aparecimento de dermatites à alimentação. Diz a lenda que a acidez dos alimentos aumenta as chances do bebê ficar assado. "Uma coisa não tem ligação com a outra. O que causa a dermatite são as bactérias", diz o pediatra.
Para evitar que isso aconteça, troque as fraldas a cada xixi ou cocô, lavando muito bem a região. Mas como você vai adivinhar que ele fez? Converse com seu bebê e peça para ele avisar - por incrível que pareça, às vezes funciona. Se não der certo, o jeito é aguçar seu nariz e ficar de olho nas fraldas. Não vale cair no conto do "bebê sequinho" dos anúncios de fralda descartável. Afinal, o xixi já está na pele dele e precisa ser lavado o mais rápido possível. É, porque o melhor remédio para assaduras é mesmo água e sabão - seja na hora de evitar como na hora de curar. Lave-o com amor e carinho, e enxugue bem. Isso deve deixar as assaduras do lado de fora das fraldas do seu bebê.
Se as assaduras acontecerem muito freqüentemente, há um outro bom jeito de prevení-las: usar fraldas de pano. Nada contra as descartáveis. Mas as de pano permitem uma "manobra" muito interessante que impede a proliferação de bactérias: depois de lavá-las e enxaguá-las normalmente, enxágüe-as uma 2ª vez com uma solução de água com vinagre branco (uma colher de sopa para cada litro). O ambiente ácido (do vinagre) evita tanto que as assaduras comecem quanto que piorem.
 
Resolvendo assaduras: Todo bebê tem assaduras de vez em quando. Para resolver o questão, segundo o Dr. Mustacchi, basta deixar a criança com o bumbum de fora. O maior problema é o preconceito das mães. Afinal, não fica bem deixar a criança sem fraldas - e isso acaba tendo como resultado uma sujeira danada. Deixe estes "detalhes" de lado sempre que possível e siga o bom senso. Afinal, a ciência já provou que grande parte das bactérias e vírus detestam ar. Basta ventilar que o problema desaparece rapidamente.
Outra observação do Dr. Zan é que as dermatites são simples, se comparadas a outros problemas de pele. "As mães ficam um pouco céticas quando a receita é água e sabão e deixar a criança sem fralda", conta o pediatra. Mas, se o problema é simples, para que complicar?
É preciso cuidar direito das assaduras porque elas podem trazer complicações. As dermatites mal curadas podem ser um agente para as infecções urinárias. "A principal causa destas infecções é o medo que as mães têm de lavar a região", afirma.
Nas meninas costuma acontecer o que os médicos chamam de sinéquia dos pequenos e/ou grandes lábios. Os meninos desenvolvem uma fimose progressiva inflamatória secundária. Em ambos os casos, como a região não é bem limpa, a pele dos genitais vai cicatrizando grudadinha. O pediatra já viu casos de meninas que ficaram só com um pequeno orifício por onde a urina saía. Além da inflamação, a complicação pode acabar até em cirurgia. Portanto, não tenha medo (ou pudor) de lavar o seu bebê. Você o está protegendo de mais problemas do que pode imaginar.
 
Assaduras e sapinho: Existe um caso em que assadura é sinal de problema: se as assaduras e o sapinho aparecerem ao mesmo tempo, vá ao pediatra. A cândida (ou monilha), fungo que causa o sapinho, é um dos microorganismos simbióticos do ser humano. Como as crianças ainda não têm boas defesas - quando o organismo está enfraquecido, com "baixa resistência", o sapinho pode aparecer tanto na boca quanto no períneo (a região onde estão os genitais e o ânus). Por isso, preste atenção, porque o sapinho no períneo parece assadura. De toda forma, a dupla água e sabão continua uma boa aliada, desta vez associada a remédios.
 
Assadura ou eczema? Existe um outro problema de pele associado à alimentação: o eczema atópico. Ele parece com assaduras. Na verdade, trata-se de uma alergia que causa a descamação da pele. Apesar de raro, o eczema pode ser diferenciado da assadura porque não fica restrito à região das fraldas. Neste caso, haverá vermelhidão atrás dos joelhos, na região do períneo, nas axilas, no pescoço e nas orelhas. O eczema atópico pode ser uma reação à ingestão de proteínas e derivados animais (carnes e leite). O médico poderá recomendar que a criança tome leite de soja e indicará um creme para as regiões afetadas.
E, lembre-se, água e sabão pode ser tudo o que o bumbum do seu bebê precisa!
 
(Fonte: Revista "Mãe, você e seu filho", edição 28)