(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 58)
"Não fique assustada
se o seu filho ainda não caminha sozinho.
Cada criança tem sua própria
evolução motora, que deve ser respeitada"
Marina está com 1 aninho,
mas ainda não se aventurou a dar seus primeiros passinhos. O pediatra
garantiu à mamãe que não há nenhum problema com a garota, mas sua prima,
de apenas 11 meses, já anda, toda sapeca, nas reuniões familiares. "A
Marina ainda não está andando?", é o que sempre perguntam à mãe. É
inevitável que em sua cabeça e em seu coração surja a dúvida: será que
Marina é realmente normal?
Claro que sim. Cada criança
tem seu próprio ritmo para ensaiar os primeiros passos sozinha. Andar é um
dos componentes de um processo maior, o desenvolvimento motor, que é
realizado de forma contínua e em etapas. Entre firmar a cabecinha e caminhar
com desenvoltura, leva um certo tempo. Alguns cumprem estas funçôes mais
cedo do que outros, sem que isso represente um problema. "Trata-se,
apenas, de uma maturação mais rápida ou mais lenta do sistema nervoso. A
velociadade é determinada geneticamente e influenciada pelo ambiente",
explica a neurologista Jessie de Navarro, do Instituto da Criança (SP).
O processo varia tanto de
uma criança para outra que algumas nem mesmo engatinham antes de andar. Em
geral, aos 13 ou 14 meses o bebê começa a andar sozinho e sem apoio. Se seu
filho deu os primeiros passos um pouco antes ou depois, não há com o que se
preocupar Se essa situação persistir após os 18 meses, é recomendável
consultar o pediatra da criança, pois pode ser sinal de um atraso motor.
Uma boa dica é estimular
o bebê. Crianças que recebem estímulos costumam apresentar uma evolução
motora mais rápida do que aquelas que permanecem muito tempo quietinhas em
seu berço. Isso pode ser feito de maneiras bastante simples. Desde os
primeiros meses, converse com o bebê, acaricie seu corpinho e brinque com
ele. Mas evite os exageros. "Não se deve estimular demais, pois
precisamos respeitar as etapas do desenvolvimento motor e, acima de tudo,
respeitar a criança individualmente", orienta Jessie Navarro.
Conheça a evolução
motora do bebê:
Cada criança tem seu próprio
ritmo para a evolução motora. Mesmo assim, pode-se dizer que, em média, os
bebês se desenvolvem da seguinte maneira:
3 meses - rola o corpinho
e passa da posição deitado de oostas para deitado de bruços, com a barriga
para baixo.
4 meses - rola para ambos
os lados.
4 a 5 meses - pega um
objeto com toda a mão.
5 meses - brinca com as mãos,
começa a sentar com apoio.
6 a 7 meses - senta sem
apoio, começa a engatinhar.
7 meses - é capaz de usar
o polegar e 2 dedos, transfere objetos de uma mão para a outra, senta sem
apoio.
8 meses - fica em pé,
apoiandose com os braços
9 meses - pega pequenos
objetos com o polegar e dois dedos, fica de pé com apoio.
11 meses - caminha quando
seguro pelas duas mãos.
12 meses - caminha apenas
com uma das mãos segura.
13 a 14 meses - anda sem
apoio.
(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 56)
"Nesta fase, a
criança não avisa sobre 'pacotão' na fralda.
Portanto, você deve
treinar o seu nariz para saber a hora de trocá-la."
O bebê já desmamou,
começou a andar e não chora mais quando faz xixi ou cocô. Resultado: ele
passa um tempão com o pacotão e, às vezes, fica todo assado. Chamada
dermatite amoniacal pelos pediatras, ela tem sua explicação e pode ser
evitada com relativa facilidade.
Antes de mais nada, o
pediatra Zan Mustacchi nos dá uma pequena lição sobre o corpo humano.
"Existem muitos microorganismos que vivem em nosso corpo. São bactérias
e até fungos que ajudam em muitas funções vitais - na digestão, por
exemplo - e, por isso, são chamados de simbióticos (simbiose significa uma
relação vantajosa para os dois lados envolvidos)." Segundo o
pediatra, algumas destas bactérias, presentes tanto na pele como na urina,
transformam a uréia, um ácido presente no xixi, em amônia, uma substância
básica. E é a amônia (aquele cheiro típico da urina) que causa a
assadura, que é uma irritação de pele.
Aqui a 1ª surpresa: não
são os ácidos os responsáveis por assaduras, mas as substâncias
alcalinas. Se você acha difícil que uma base possa causar tanto mal,
lembre-se da soda cáustica, uma base capaz de causar graves queimaduras.
"No caso do corpo humano, o ambiente ácido costuma ser mais saudável
que o alcalino", avisa o Dr. Zan.
O mesmo processo do xixi
se repete com o cocô, só que, desta vez, é mais fácil perceber por causa
do "cheirinho". "Quanto mais forte o cheiro, mais bactérias
há nas fezes" explica o Dr. Mustacchi. E, portanto, maior a formação
de elementos que vão irritar a pele. Se a criança permanece muito tempo
com essa fralda suja, o resultado é um só: o vermelhão atinge os
genitais, a virilha e a barriga. Além de doloridas, as assaduras são incômodas.
As mães costumam
associar o aparecimento de dermatites à alimentação. Diz a lenda que a
acidez dos alimentos aumenta as chances do bebê ficar assado. "Uma
coisa não tem ligação com a outra. O que causa a dermatite são as bactérias",
diz o pediatra.
Para evitar que isso
aconteça, troque as fraldas a cada xixi ou cocô, lavando muito bem a região.
Mas como você vai adivinhar que ele fez? Converse com seu bebê e peça
para ele avisar - por incrível que pareça, às vezes funciona. Se não der
certo, o jeito é aguçar seu nariz e ficar de olho nas fraldas. Não vale
cair no conto do "bebê sequinho" dos anúncios de fralda descartável.
Afinal, o xixi já está na pele dele e precisa ser lavado o mais rápido
possível. É, porque o melhor remédio para assaduras é mesmo água e sabão
- seja na hora de evitar como na hora de curar. Lave-o com amor e carinho, e
enxugue bem. Isso deve deixar as assaduras do lado de fora das fraldas do
seu bebê.
Se as assaduras
acontecerem muito freqüentemente, há um outro bom jeito de prevení-las:
usar fraldas de pano. Nada contra as descartáveis. Mas as de pano permitem
uma "manobra" muito interessante que impede a proliferação de
bactérias: depois de lavá-las e enxaguá-las normalmente, enxágüe-as uma
2ª vez com uma solução de água com vinagre branco (uma colher de sopa
para cada litro). O ambiente ácido (do vinagre) evita tanto que as
assaduras comecem quanto que piorem.
Resolvendo assaduras:
Todo bebê tem assaduras de vez em quando. Para resolver o questão, segundo
o Dr. Mustacchi, basta deixar a criança com o bumbum de fora. O maior
problema é o preconceito das mães. Afinal, não fica bem deixar a criança
sem fraldas - e isso acaba tendo como resultado uma sujeira danada. Deixe
estes "detalhes" de lado sempre que possível e siga o bom senso.
Afinal, a ciência já provou que grande parte das bactérias e vírus
detestam ar. Basta ventilar que o problema desaparece rapidamente.
Outra observação do
Dr. Zan é que as dermatites são simples, se comparadas a outros problemas
de pele. "As mães ficam um pouco céticas quando a receita é água e
sabão e deixar a criança sem fralda", conta o pediatra. Mas, se o
problema é simples, para que complicar?
É preciso cuidar
direito das assaduras porque elas podem trazer complicações. As dermatites
mal curadas podem ser um agente para as infecções urinárias. "A
principal causa destas infecções é o medo que as mães têm de lavar a
região", afirma.
Nas meninas costuma
acontecer o que os médicos chamam de sinéquia dos pequenos e/ou grandes lábios.
Os meninos desenvolvem uma fimose progressiva inflamatória secundária. Em
ambos os casos, como a região não é bem limpa, a pele dos genitais vai
cicatrizando grudadinha. O pediatra já viu casos de meninas que ficaram só
com um pequeno orifício por onde a urina saía. Além da inflamação, a
complicação pode acabar até em cirurgia. Portanto, não tenha medo (ou
pudor) de lavar o seu bebê. Você o está protegendo de mais problemas do
que pode imaginar.
Assaduras e sapinho:
Existe um caso em que assadura é sinal de problema: se as assaduras e o
sapinho aparecerem ao mesmo tempo, vá ao pediatra. A cândida (ou monilha),
fungo que causa o sapinho, é um dos microorganismos simbióticos do ser
humano. Como as crianças ainda não têm boas defesas - quando o organismo
está enfraquecido, com "baixa resistência", o sapinho pode
aparecer tanto na boca quanto no períneo (a região onde estão os genitais
e o ânus). Por isso, preste atenção, porque o sapinho no períneo parece
assadura. De toda forma, a dupla água e sabão continua uma boa aliada,
desta vez associada a remédios.
Assadura ou eczema?
Existe um outro problema de pele associado à alimentação: o eczema atópico.
Ele parece com assaduras. Na verdade, trata-se de uma alergia que causa a
descamação da pele. Apesar de raro, o eczema pode ser diferenciado da
assadura porque não fica restrito à região das fraldas. Neste caso, haverá
vermelhidão atrás dos joelhos, na região do períneo, nas axilas, no
pescoço e nas orelhas. O eczema atópico pode ser uma reação à ingestão
de proteínas e derivados animais (carnes e leite). O médico poderá
recomendar que a criança tome leite de soja e indicará um creme para as
regiões afetadas.
E, lembre-se, água e
sabão pode ser tudo o que o bumbum do seu bebê precisa!
(Fonte: Revista "Mãe,
você e seu filho", edição 28)